Decálogo
de quem ouve, lê ou vê.
1.
Habitue-se
a ler, ver e ouvir as notícias com senso crítico. O que
você está ouvindo e lendo pode não ser exatamente o que
aconteceu. Alguém, capaz de errar, está trazendo aquela
notícia a você. Muitos que trazem notícias ao povo são honestos
e sinceros. Jamais exporiam uma outra pessoa. Jamais pretendem
ferir alguém com sua notícia. Mas há os que não importam-se
e até inventam.
2.
Há periódicos
e emissoras que tentam ser isentos ao máximo, até onde pode-se
ser isento como ser humano. Mas há os que claramente revelam,
matéria após matéria, sua tendência de favorecer uma linha,
um governo, uma pessoa ou uma ideologia em detrimento de
outra.
3.
Não repita
nem comente cheio de certeza contra alguém uma frase que
disseram que ele disse ou algo que garantem que ele fez.
Você está recebendo a versão do fato e não o fato.
O repórter pode ter enganado-se ou entendido mal; o redator
pode ter dado manchete distorcida, que não corresponde aos
fatos; ou alguém pode, intencionalmente, estar mentindo.
4.
Não comente
nem conclua depressa demais sobre o que viu numa entrevista
gravada. Alguém pode ter modificado a gravação ou pinçado
apenas os trechos que interessam. Fora de contexto, uma
coisa pode não significar o que pretendem que signifique.
Você teria que ouvir tudo o que foi dito, para ter uma idéia
do que realmente foi dito.
5.
Opine apenas
sobre o que viu o que ouviu ao vivo. Ainda assim, a depender
do ângulo da câmera, você pode não ter visto o que pensa
que viu naquele palanque ou naquele tumulto. Mas é mais
seguro do que outras versões do fato. Aí você não está dependendo
da versão do repórter ou do editor de uma revista ou programa.
6.
Jornalistas
e repórteres têm uma missão muito difícil. Também os que
vivem da palavra, porque palavras curam, mas também ferem,
matam e podem destruir o trabalho de uma vida. Não são poucos
os que perdem casas, bens, carreira, credibilidade e até
a vontade de viver por causa de uma notícia nunca desmentida.
7.
Muitos tentaram
a vida inteira provar que eram inocentes e nunca foi-lhes
dada a mesma chance, o mesmo tempo, os mesmos veículos e
a mesma página para desmentirem a versão do fato. Atingidos
na sua reputação, esconderam-se para sempre. Nunca houve
reparação por parte de quem deu a notícia destruidora. Além
disso, retratação é uma coisa e reparação é outra.
8.
Quem repete
notícias que ouviu, mas não viu e não pode ter certeza de
que realmente aconteceu daquele jeito, é cúmplice de difamação
ou calúnia. Habitue-se a comentar o que o periódico disse.
Dê o nome do jornal, da revista, do programa e do repórter
que assina a matéria. A responsabilidade será dele ou do
editor.
9.
O bom nome
de uma pessoa é sua maior riqueza. A menos que você tenha
uma enorme razão, não exponha negativamente o bom nome de
quem quer que seja. No meio do caminho, você talvez descubra
que está crucificando uma pessoa inocente e não terá mais
como voltar atrás.
10.
Se você
foi caluniado, defenda-se serenamente ou cale-se, mas não
faça o mesmo que o outro. Viraria um tiroteio. Em alguns
casos, Jesus defendeu-se. Em outros calou-se. Escolha seu
caminho, mas nunca use a palavra para ferir quem quer que
seja. Se você for alguém à serviço da palavra, tome cuidado
ainda maior. Você tem uma arma em sua boca ou em seu teclado.
A maioria das guerras e muitos assassinatos começaram com
a palavra irresponsável ou cheia de ódio dita por algum
político, algum jornalista ou algum religioso fanático...
Ore sempre para que Deus dê-lhe a palavra certa,
do jeito certo, na hora certa e para as pessoas certas.
Se sua palavra magoar alguém, peça perdão e tente reparar
o mal feito, redobrando as gentilezas e o cuidado.
Pe.
Zezinho – scj
Padre Zezinho esclarece (para imprensa@cnbb.org.br
)
Aos irmãos e irmãs católicos e evangélicos.
Disseram que eu disse o que eu não disse!
Sou comunicador
católico há 36 anos e professor de comunicação há 18. Nas
igrejas, sou considerado pessoa que dialoga e valoriza os
outros cantores e irmãos de nossa e de outras Igrejas. Por
isso, sou freqüentemente chamado a falar sobre o pregador
cristão ou o padre na mídia. Com mais de 200 obras publicadas,
acham que tenho suficiente experiência para falar deste
assunto. Não procuro a mídia laica, mas não nego-me a dialogar.
É uma de minhas funções na Igreja, por causa da notoriedade
que alcancei no meio religioso.
Na quinta-feira
de 13 de julho, em Ilhéus, durante o 10º Intereclesial das
CEBs, participei de uma entrevista coletiva, ao lado de
Dom Pedro Casaldáliga, Chico Whitaker e Zé Vicente. Respondemos
à várias questões de atualidade da Igreja por cerca de 90
minutos. As entrevistas foram gravadas por muitos dos presentes.
Aquelas gravações e aquelas pessoas são testemunhas de que,
em absoluto, não procedem as declarações a mim atribuídas
contra o jovem Pe. Marcelo. Foram estampadas no Jornal do
Brasil, no Estado de São Paulo, na Folha de São Paulo e outros veículos da imprensa por todo o Brasil.
A matéria de O Dia, Notícias populares e de centenas de
outras emissoras de rádio foi bem mais isenta e corresponde
ao que penso e digo sobre este jovem e dedicado sacerdote.
Seu trabalho merece meu respeito e minha admiração.
Não guardo mágoa,
mas começo a interrogar-me sobre o real objetivo dessas
perguntas sobre ele, feitas com insistência e sempre à minha
pessoa. Nas 15 entrevistas coletivas que dei nos últimos
seis meses, falei de assuntos bem mais urgentes nas nossas
Igrejas. Quando perguntado, de maneira serena e amiga, expus
o que penso sobre os padres e pastores na mídia. Não obstante,
11 estamparam manchetes e frases que davam a entender que
eu falara contra Pe. Marcelo e que condeno-o e sou contra
o seu trabalho. Atribuem a ele tudo o que digo sobre todos
nós.
As conseqüências
são danosas para minha pessoa, que passo a ser objeto de
críticas duras e cruéis por parte de sacerdotes e fiéis
que, acreditando mais nestes jornais do que nos meus 35
anos de serviço à Pastoral das Vocações na Igreja, escandalizam-se
com as brigas de padre velho contra padre jovem. Briga que
não existe! Pode haver diferenças de estilo, o que é perfeitamente
natural entre duas pessoas inteligentes, mas não há discórdia
nem o menor desejo de diminuir a profecia de Pe. Marcelo.
Como ele, há muitos padres jovens trazendo um novo entusiasmo
à nossa Igreja, o que não significa que nós, padres mais
velhos, não tenhamos o direito de dizer o que pensamos sobre
a Igreja e a mídia. O debate é bom e é salutar para a Igreja.
O que não ajuda em nada, são essas manchetes sensacionalistas
e até injuriosas que absolutamente não correspondem à verdade
do que realmente tenho dito nas entrevistas. A pergunta
permanece: “- À quem interessaria este conflito que, em
absoluto, não existe?”
ass: Pe. Zezinho – scj