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Anticristo:
a besta semelhante ao Cordeiro
Um sinal
infalível indicado pela Bíblia para reconhecer que o dia da
volta de Cristo está chegando, é o aparecimento do filho da
perdição ou do anticristo. De acordo com I Jo 2,18, já naquele
tempo muitos anticristos se encontravam em ação no mundo, como
percursores do verdadeiro anticristo que haveria de surgir no
fim dos tempos.Segundo
Mussner "a vontade e os planos do anticristo podem ser facilmente
reconhecidos, através de sua mentalidade e de suas obras". Ele
pergunta. "A história e a situação mundial estão se tornando
maduras para uma ação mundial do anticristo, como a Escritura
descreve? A história já avançou tanto, de forma a tornar possível
a chegada do anticristo?" E responde: "Sim! A história e o mundo
já estão bastante amadurecidos para a aparição do anticristo,
e essa tomada de consciência exige dos cristãos muita vigilância
e objetividade."E em outra passagem: "A grande tentação durante
o tempo do anticristo não é só a da apostasia da fé, mas a aparente
fraqueza de Deus, o aparente abandono e entrega da Igreja ao
anticristo e ao seu poder. Então é necessário ter fé corajosa
e inabalável fidelidade à Palavra da Escritura [...], sabendo
que o próprio Deus intervirá, através do Seu Cristo, e dará
fim rápido à fúria do anticristo contra a comunidade cristã.
Quem é ele?
Poucos personagens-símbolo
da Bíblia mereceram tantos comentários e deram margens a tantas
especulações como o anticristo. Vale a pena debruçarmo-nos sobre
essa figura, o que ajudará a conhecer um pouco a doutrina do
Novo Testamento a seu respeito, e assim possibilitar "ao cristão
conhecer os verdadeiros bastidores da história universal", segundo
Mussner, que também aqui estamos resumindo.Embora
mergulhe suas raízes no Antigo Testamento, onde encarna os grandes
adversários históricos do povo de Israel (faraó, Nabucodonosor,
Antíoco IV, etc.), o anticristo, isto é, o contracristo, é uma
figura típica do Novo Testamento. Encontramo-lo mencionado nas
duas primeiras cartas de São João e no seu Apocalipse e descrito
como o "filho da perdição" por São Paulo. "Ouvistes dizer
que o Anticristo vem [...] e já há muitos anticristos" (I Jo
2,18). Refere-se ao aparecimento de heresias, que atacavam a
cristologia tradicional da Igreja: "Quem é mentiroso senão aquele
que nega que Jesus é o Cristo? Esse é o anticristo" (I Jo
2,22). "Todo espírito que não proclama Jesus, esse não é
de Deus, mas o espírito do anticristo" (I Jo 4,3). "Quem
proclama que Cristo não se encarnou é o Anticristo" (II
Jo,7). "Antes deve manifestar-se o homem ímpio, o filho da
perdição, o adversário, aquele que se levanta contra tudo o
que leva o nome de Deus ou que se adora, chegando a sentar-se
pessoalmente no templo de Deus e querendo passar por Deus"
(II Ts 2,3-4). É aos precursores do anticristo que se refere
Jesus ao nos alertar que naqueles dias "surgirão falsos profetas,
que farão milagres, a ponto de seduzir, se isto fosse possível,
até mesmo os escolhidos" (Mt 24,24; Mc 13,22).No capítulo
17 do Apocalipse, o anticristo aparece como a "prostituta" ou
"grande meretriz", sentada em cima da fera, que é a primeira
besta. Seduziu os habitantes do mundo com a sua luxúria, isto
é, profanando e prostituindo a fé, os templos, os altares e
os sacramentos por toda a terra. Além disso, por ambição e crueldade,
ficou "ébria do sangue dos santos e dos mártires de Jesus"
(Ap 17,6).Com o excesso de confiança no seu poder invencível,
não previu o imprevisível: a própria primeira besta, sobre a
qual estava sentada e que lhe havia dado todo o poder, odiou
esta prostituta toda-poderosa, que reivindicou também para si
o título de divindade, e resolveu destroná-la: começou a desnudá-la,
comendo-lhe as carnes e queimando-a no fogo, com todos os requintes
de crueldade (cf. Ap 17,16). Assim morreu a poderosa besta,
que tinha o número 666.Em três diferentes citações, o anticristo
vem designado como o "falso profeta" (cf. Ap 16,13; 19,20; 20,10).
Trata-se de uma alusão ao principal dos falsos cristos e falsos
profetas contra os quais Jesus alerta. O falso profeta sempre
aparece associado aos seus dois comparsas: o dragão vermelho
(satanás) e a primeira besta. Juntos formam o tripartido conluio
do poder das trevas, insinuando um sinistro confronto com o
poder celeste, a Santíssima Trindade.É impossível conceber o
anticristo isoladamente, sem a sua vinculação indissociável
com a primeira besta (maçonaria), a qual, por seu turno, vinculada
com satanás, recebe dele seu extraordinário poder. Por isso
o Apocalipse confirma três vezes que a segunda besta (anticristo)
é controlada pela primeira, ou seja, o anticristo dominado pela
franco-maçonaria.
Poder
político e econômico
O anticristo,
que aqui deve ser compreendido como uma pessoa, representará
o maior poder político da história universal. Ele construirá
um reino mundano e ateu - e no Apocalipse trata-se, em última
análise, da seguinte pergunta: "No final, quem dominará o mundo?"
O conceito "domínio do mundo" aparece expressamente no Apocalipse
13,17, dispondo , através dele, de todo o poder econômico do
mundo: "Para que ninguém possa vender ou comprar, se não
tiver a marca e o nome da besta, ou o número do seu nome"
(Ap 13,17) e "teus mercadores eram os magnatas da terra"
(Ap 18, 23).Essa
segunda besta ou anticristo, "que tinha dois chifres e era
semelhante a um cordeiro, mas falava como um dragão" (Ap
13,11), é subserviente à primeira, até a divergência fatal entre
ambas (cf. Ap 17,16). Ela faz "com que a terra e seus habitantes
adorem a primeira besta" (Ap 13,12). "Ela opera grandes maravilhas,
até mesmo a de fazer descer fogo do céu sobre a terra, à vista
dos homens. Graças às maravilhas que lhe foi concedido realizar
a serviço da besta, ela seduz os habitantes da terra" (Ap
13,13-14).A segunda besta, que é o anticristo e o falso profeta,
cuida que a primeira besta seja venerada, através do culto,
pelos homens e povos, como o novo deus, em lugar do verdadeiro
Rei dos povos (como Deus é chamado em Ap 15,3).O poder do anticristo
no final dos tempos, portanto, está ligado também com um tipo
de religião estatal, à qual todos têm de se filiar se não quiserem
tornar-se mártires. A Igreja dos últimos tempos será Igreja
de mártires, e toda a sua antiga glória deverá desaparecer dela.Resumindo:
o anticristo e, respectivamente, o seu poder no final dos tempos,
representará o mais forte poder político e econômico jamais
havido no mundo. Seu reino abrange o universo inteiro e representa
ao mesmo tempo poder espiritual que prega uma nova fé, em substituição
à antiga. Mas o Cordeiro, isto é, Cristo, vencerá o anticristo
e seu poder (cf. Ap 17,14; 19,20-21).
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