Curandeirismo
O curandeiro na verdade não cura
nada.
Ou a pessoa se sente curada pela
auto-sugestão (perigoso, pois tira-se a dor mas não tira a
doença);
Ou a pessoa é "curada"de uma
doença psico-somática que voltará mais tarde; pois atacou
o efeito e não a causa (causas psicológicas). O necessário
nestes casos é um tratamento psicológico/psiquiátrico.
Por Oscar G. Quevedo S.J.
Os curandeiros
são inumeráveis. Em todas as épocas e civilizações tem-se
sofrido com os curandeiros. Cai-se facilmente em um círculo
vicioso: superstição, curandeirismo; e onde mais superstição,
mais curandeirismo.
O mito dos poderes especiais
dos curandeiros constitui uma herança universal de superstição,
um arquétipo dia Jung, por atavismo. Está como que infiltrado
na humanidade.
Encontram-se inscrições nas
cavernas do homem primtivo referindo-se à arte mágica de curar.
Vários hieróglifos egípcios aludem ao curandeiro mágico. Nos
livros históricos do povo judeu, tanto do velho como do novo
testamento, referem-se casos de "profissionais " do curandeirismo.
O recorde mundial em números
de curandeiros, em números de clientes e em prestígio, lamentavelmente
pertence ao Brasil.
O Brasil sempre foi uma terra
fecunda para o curandeirismo. Entrou na história do País,
Antonio Conselheiro, sem dúvida, um paranóico, que arrastou
ingentes multidões atrás de sí, principalmente pelos "poderes
de cura" que se lhe atribuiam. Parte do País, fanatizada,
chegou à convulsão social. O exército teve que intervir violentamente,
terminando por matar Antonio Conselheiro e muito dos seus
seguidores.
As seitas curadoras
Magnetismo
Formaram-se ambientes absolutamente
estravagantes e alienantes.Vamos citar a época do Mesmerismo:
O ambiente de Paris era propício. Em Paris ainda se acreditava
na teoria de Paracelso, segundo a qual, o corpo humano teria
as características de um verdadeiro imã, sendo o polo norte
constituído pelos pés e o polo sul pelos órgãos sexuais.
Durante dois séculos e meio,
a partir de Paracelso, se empregava o imã com mirabolantes
êxitos na "cura" de secreções oculares, do nariz ou dos ouvidos,
em casos de fístulas e corrimentos; servindo o inofensivo
imã, inclusive para repor hérnias e reparar fraturas, "curar"
icterícias, remover anasarcas, etc...
O Padre Maximiliano Hell, jesuíta
e professor de astronomia acreditava no magnetismo universal,
que ele dirigia por meio de imãs, " curando " toda classe
de doenças.
Magentismo animal
Influenciado pelos êxitos e
teorias do Padre Hell, o Dr. Franz Anton Mesmer infestou a
França e toda Europa, da crença em maravilhosos poderes curativos
de um misterioso magnetismo animal.
Mesmer publicava sua tese doutoral
em medicina sobre o magnetismo em 1766.
O abade Lenoble construiu imãs
de grande poder que se vendiam amplamente em Paris, onde eram
encontrados sob formas aprpriados para pulsos, tórax, assim
como pulseiras e cruzes magnéticas. Mesmer defenderia depois
que não era preciso o imã metálico, bastaria a imposição das
mãos sobre o doente para que este recebesse os fluídos magnéticos.
O magnetismo animal poderia passar das mãos às árvores, varinhas,
cubetas, a qualquer instrumento para transportar os fluídos
magnéticos dos mesmeristas: dos curandeiros aos pacientes
sugestionados.
Mesmer propagava que ele próprio
era quem melhor manejava o magnetismo animal. Não podendo
tratar individualmente a tão numerosa clientela, passou a
"curar" por grupos, usando o seu famoso "baquet", uma espécie
de tina de carvalho contendo limalha de ferro, vidro moído
e outras substâncias. Também distribuia garrafas cheias de
água magnetizada pela imposição das suas mãos.
As sessões mesméricas
Da tampa da tina, ou melhor,
do gargalo de garrafas magnetizadas que estavam na tina saíam
varinhas que os próprios doentes aplicavam nos lugares do
seu sofrimento. A tina estava colocada no centro de uma grande
sala, obsurecida por espessas cortinas.
Durante a sessão terapêutica
se escutava música de piano ou harmônica com a qual se distribuiam
melhor os eflúvios magnéticos, segundo se afirmava. Os doentes,
dispostos em fila concentrica em torno da tina, eram mantidos
por meio de uma corda que lhes passava ao redor do corpo.
Os pacientes ficavam de mãos dadas, segurando ao mesmo tempo
as varinhas magnetizadas. Cada sessão comportava 130 pessoas,
separados homens e mulheres em compartimentos contíguos. Havia
várias sessões por dia.
Uns pacientes queixavam-se
de calor, transpiravam, apresentavam alterações dos batimentos
cardíacos e da respiração, imitando os estertores dos moribundos.
Outros sentiam suas pálpebras pesadas. Fechavam os olhos e
podiam cair em transe profundo. Primeiro, alguma pessoa mais
sugestionável ou mais histérica, depois cada vez mais pessoas
contagiadas apresentavam convulsões, não raro, violentas,
acompanhadas de gritos, soluços, acessos de choro ou riso;
soltando-se da "corrente", rodopiavam ou atiravam-se para
trás a contorcer-se em convulsões espasmódicas, etc...
No meio dessa multidão agitada,
Mesmer, vestido de seda lilás e auxiliado pelos seus assistentes,
passeava pela sala, orientando, dirigindo...fixando os olhos
sobre os doentes, trnsmitia-lhes fluídos magnéticos que dizia
escapar das pontas de seus dedos. Os pacientes sentiam dor
ou prazer...
A verdadeira explicação
São inumeráveis e de variadíssimos
tipos as "curas" realizadas pelo poder do psiquismo, surgido
pela fé no charlatanesco e inexistente magnetismo das garrafas
e da tina. Mesmer, embora muito combatido por vários cientistas
e no fim, desacreditado, desterrado e abandonado, chegara
a ter enorme prestígio entre o povo, a alta sociedade e inclusive,
ante determinados médicos e perante o governo.
É claro que nada sentia quem
não se sugestionava. Assim, pesquisadores sérios como Lavoisier,
Bailly, Benjamim Franklin, etc... nada sentiram.
A teoria (e os efeitos) de
passes e fluídos, com maiores ou menores modificações, ainda
hoje é muito usada, principalmente no Brasil, por dterminados
curandeiros e ambientes supersticiosos.
Religião e superstição
As superstições são idéias
incorporadas do meio ambiente. Emocionalmente estão vinculadas
à potente e primitiva tendência, instintiva ou ancestral,
de reagir com pavor a tudo aquilo que possa Ter alguma relação
com forças sobrenaturais. Tal tendência, claramente manifestada
na criança e no homem primitivo, continua latente no adulto
civilizado, estando prestes a aflorar em circunstâncias críticas,
mesmo em pessoas de elevado nível cultural, se não são maduras
e objetivas. Por outro lado, a superstição se associa ao temor
relacionado com importantes necessidades e desejos, como o
temor pela saúde, etc...
Estas idéias super-valorizadas
de superstição tiranizam a inteligência e a vontade de milhões
de pessoas, facilitando (dentro das próprias superstições
de cada indivíduo) enormemente a indução hipnótica, a sugestão
e o consequente afloramento do psquismo inconsciente e subjetivo.
Freud, no seu materialismo
apriorístico, sai pela tangente dizendo que o religioso constitui
uma neurose obsessiva universal. Segundo a moderna Escola
de Psicologia Profunda, com Victor Frankl e Igor Caruso, nunca
se deve menosprezar a tendência humana ao transcendental,
ao religioso, porque se exporia a personalidade humana a graves
desequilíbrios. A religiosidade é um fator precípuo no equilíbrio
humano. Na medida que os conceitos religiosos de uma pessoa
não são suficientemente adultos e objetivos, arraigados e
vitais, são substituídos imediatamente pela superstição.
É por isso que a imensa maioria
das superstições tem aspectos pseudo-religiosos; são um substituto
desviado e perigoso da religiosidade. E pelo mesmo motivo
de estarem substituindo algo que pertence à essência do homem,
as superstições, na mesma medida que em cada pessoa substitua
a religião, são emotivas, fanatizantes e alienantes.
É por isso que a quase totalidade
dos curandeiros e seus propagandistas criam ao redor, um ambiente
pseudo-religioso, evidentemente de diversíssimas modalidades
e tendências.
Doenças imaginárias
É sumamente importante se ter
em conta que, de acordo com pesquisas sérias, 36% das pessoas
que procuram hospitais, clínicas ou consultórios médicos são
portadores de "doenças" meramente imaginárias. Não digo psicógenas
ou funcionais, senão meramente imaginárias. De 422 pessoas
que nos últimos tempos apresentaram-se à procura de tratamento
em um centro de cancerologia, apenas 8 estavam afetadas de
cãncer. Uma grande porcentagem, porém, vivia angustiada e
a sua depressão lhes fez imaginar que eram vítimas do câncer.
Evidentemente, que o médico
em caso de doenças meramente imaginárias não encontra causas,
nem sintomas físicos ou psíquicos, capazes de fornecer um
quadro de doença. A doença simplesmente não existe; é imaginada
pelo paciente. Que fazer em um caso destes? O médico dirá
: " honestamente, voce não tem nada" ou "é a sua imaginação
que lhe faz sentir doente". Ora, o paciente sofre e para ele
é inadmissível que não exista doença nenhuma. O paciente não
conhece o poder de convencimento da imaginação.
A Histeria.
Progredindo no nosso
caminho, após havermos falado das doenças meramente imaginárias,
devemos referir-nos às doenças histéricas.
Podemos definir a doença histérica
como "doença por representação" ou "representação de uma doença".
Imagina-se doente e faz "encenações" com seu corpo.
Tal doença se caracteriza precisamente
porque aparece ou desaparece, de acordo com os desejos conscientes
ou inconscientes do paciente. Daí o nome de "pitiatismo" proposto
pelo Dr. Babinski para designar a histeria.
A doença histérica surge porque
o paciente se acredita doente e, em consequência, sente-se
doente. Nada do que faz, no fundo, está longe de uma simulação,
que se leva a cabo com grande domínio de sí mesmo. Diríamos
que toda a vontade está concentrada em fingir a doença, não
restando vontade para mais nada.
Entretanto,
o histérico é sincero e sofre realmente. O seu anseio, por
exemplo, de despertar admiração e compaixão ou de auto-realizar-se,
ou qualquer outro motivo psicológico (é erro muito difundido,
mas certamente simplista e falso, reduzir o motivo da histeria
ao desejo de proteção) empurra-o mais ou menos conscientemente,
mais ou menos irresponsavelmente, a imitar a doença, ou o
transe espírita ou a possessão demoníaca ou estigmas, ou êxtases,
ou atitudes imaginadas (pois a histeria não se refere unicamente
a doenças).
São possíveis todas as gradações
desde a simulação plenamente consciente, até a a mais inconsciente.
O histérico é essencialmente, ao menos em relação à sua "especialidade"
histérica, um auto-hipnotizável. Entre as pessoas com a mesma
"especialidade", o contágio psíquico é praticamente inevitável.
A doença ou
sintomas que imaginam, realizam-se. Esta participação orgânica
ou funcional como parte integrante do pensamento consciente
ou inconsciente, chama-se idioplasia, isto é, a idéia plasmada
no organismo.
Doenças e moda- As doenças histéricas estão de acordo, muitas
vezes, com a sintomatologia da doença real, que se pretende
imitar, como também poderão ser de sintomatologia completamente
diferente, ou apresentar "sintomas" de uma enfermidade realmente
existente. Neste caso, os sintomas serão os que a imaginação
popular lhes tenha atribuído. Pelo mesmo motivo, as doenças
ou sintomatologia histérica depende da moda.
No fim do século passado, quando
se começava a estudar a histeria, ainda estavam na moda os
"stigmata diaboli", ou marcas da possessão demoníaca, como
últimos extertores da mentalidade medieval da bruxaria. Ainda
se acreditava que o demônio marcava suas vítimas com zonas
de anestesia e que provocava crises convulsivas com arco de
círculo. Milhares de pacientes apresentavam essa sintomatologia.
No famoso hospital de Salpetriere,
o dr Charcot e seus colaboradores consideravam os"stigmata
diaboli" e as convulsãoes como característicos de "grande
histeria".
Após demorados estudos e experiências,
o Dr. Berheim não titubeou em afirmar que se tratava de uma
histeria cultivada: o médico encontrava no paciente aqueles
mesmos sintomas que esperava encontrar. Só com isso, provocava-os
no histérico. Hoje, na maioria dos países, tem-se perdido
o conceito de possessão diabólica em grandes áreas da população.
E de fato, desapareceram desses países as outrora tão abundantes
"possessões diabólicas". Nesses países, a idioplasia manifesta-se
em doenças de acordo coma "moda": paralisias, espasmos,atrofias
musculares, tiques, tremores, coreas,afonia, tosse disneica,
crises asmáticas, náuseas, vômitos e em geral, as mais diversas
doenças do aparelho digestivo; dores precordiais e taquicardias,
asfixia, suores, urticária, edemas, erupções, estigmas, etc.
No Brasil, a "possessão demoníaca"
tem sido substituída pela "possessão de espíritos e entidades"
( mas também aumentam a possessão demoníaca em certas seitas).
Estão na moda os transes convulsivos, gritos, rodopiar sobre
um só pé, olhos esbugalhados, tremedeira, insultos, falar
imitando entidades ou espíritos, fumar cachimbo, beber pinga,
etc; terminando todo o teatro com um " deixar-se cair no chão,
no mais completo relax (evidentemente que se abusou do esforço,
também o histérico precisa descansar)
Curandeiros
diplomados-
Compreender-se-á que devem ser catalogados entre os curandeiros,
também aqueles portadores de título universitário de medicina
que, estando imbuídos de idéias supersticiosas, na prática
esquecem seus conhecimentos médicos para agirem como vulgares
e irresponsáveis. Lamentavelmente, em um país como o Brasil
inundado de superstição, são muitos os médicos que na realidade
"queimaram" seu diploma e devem ser considerados e processados
legalemente como curandeiros
A
doença da "cura"-
Mas, na realidade , mesmo quando "curam"(por sugestão, uma doença
também sugestionada), os curandeiros e seus propagandistas
merecem o apelativo de "criminosos inconscientes". O descontrole
da imaginação e a histeria são causados em grandíssima parte
pelo ambiente em que se mexem essas pessoas psiquicamente
débeis. Os supersticiosos, vivendo um mundo de fantasia, perdem
toda autodeterminação e senso crítico. Ademais, destituídos
de senso objetivo, deixam-se levar pela sua imaginação; e
a emotividade e a sugestionabilidade lhes fazem imitar as
doenças. Doente imaginário ou histérico, "curado" do que realmente
não padecia ou simplesmente fingia (inconscientemente), aprofunda-se
ainda mais nas redes da imaginação e fingimento, sendo posteriormente
ainda com mais facilidade, vítima de doenças imaginárias e
histéricas...
É um círculo vicioso, verdadeira
doença do ambiente em que vivem milhões de pessoas. Responsáveis
principais são os curandeiros (e seus propagandistas) que
na sua ignorância ainda se vangloriam de seus êxitos terapêuticos.
Na cura psíquica, o médico
bem formado saberá servir-se dos recursos psicológicos adequados,
na justa medida, sem incursões no perigoso campo da imaginação
e da histeria alienante.
Normal e histérico-
Notemos que não há propriamente
falando, pessoas histéricas, mas atitudes, fatos, sintomas,
doenças histéricas. A pessoa mais normal por outros aspectos,
pode ser vítima (ou agente) de uma doença histérica. O ambiente
em que se vive, as idéias que se abraçam principalmente se
são emotivas, são de suma importância. O supersticioso é,
ou pode ser em outros aspectos, a pessoa mais normal do mundo,
mas acredita no feitiço. Nesse aspecto é um candidato à histeria.
Nesse tema (feitiço), o supersticioso não reage com senso
crítico, objetivo. Mais ou menos conscientemente simula estar
" enfeitiçado" e com seu corpo fabula (fantasia) toda a sintomatologia
que ele acha própria do enfeitiçado.
O simples perguntar pelos sintomas,
será capaz de ocasioná-los.
Doenças orgânicas de origem psíquica
É claro e demonstrado que uma
doença que parece orgânica, mas que na realidade é de origem
psíquica (psicógena), pode curar-se psiquicamente. Se o problema
emocional causador da doença é sublimado, contornado, superado,
desviado, transferido,etc; podem desaparecer as reações orgânicas
específicas que originou.
Perante uma doença psicógena,
o curandeiro pode Ter um êxito que, embora na análise global
é pernicioso, na aparência externa e na análise simplista
é considerado sensacional..
Paralíticos
andam-
Um paralítico de ambas as pernas. Não se encontrava causa orgânica
que justificasse a paralisia. Durante um mês se lhe inculcou
a idéia de que em determinado dia, no momento em que o relógio
diante dele badalasse as tres da tarde, ele se levantaria.
Mas, horas antes ao momento
designado, o homem esperava. Seu olhar estava fixono relógio
e o seu corpo era sacudido por ligeiros estremecimentos. De
repente, o som do relógio! O paralítico levantou-se e começou
a caminhar pela habitação.
Suas pernas, atrofiadas por
uma paralisia de quatro anos, não o mantiveram mais do que
uns instantes, porém, foi o suficiente para ele compreender
que podia caminhar e, pouco tempo depois, fortalecidos seus
músculos pelo exercício de hábeis massagens, as pernas recuperaram
o vigor normal.
Em determinadas ocasiões é
suficiente uma simulação de incêndio em uma sala de hospital
e um "salve-se quem puder" proferido pelos médicos e enfermeiros
correndo precipitadamente; para devolver o movimento a muitos
paralíticos, bruscamente impelidos pela idéia de correr também
eles, a fim de livrar-se do perigo.
Tem-se visto exemplos parecidos
nos bombardeios. Pessoas paralisadas ou com enormes dificuldades
de caminhar, desceram tão rapidamente aos refúgios, que elas
mesmas se surpreenderam ao ver-se lá.
Hoje, a ciência médica especializada
reconhece amplamente que inumeráveis doenças aparentemente
orgânicas, podem ser muitas vezes de origem psíquica.
É impossível fazer a lista
completa das doenças que são ou podem ser psicossomáticas,
isto é, de origem psíquica com consequencias orgânicas. A
lista seria quase interminável.
Além das úlceras, são frequentemente
psicógenos os vômitos, falsas peritonites e sintomas de apendicite,
colites, insuficiência hepática, falta de apetite(anorexia),
ar no estômago (aerofagia ou aerogastria), distensão do abdomem
por gases produzidos nos intestino (meteorismo), constipação
com espasmo ano-retal, etc.
Temos apresentado exemplos
e experiências com referência às verrugas, eczemas, urticária
e, inclusive, tumores nos seios. Convém ainda incluir toda
classe de edemas ou tumefações, vermelhidões, inclusive escamosas
(psoriase), furmoculose, estigmas, etc.
Falsas causas orgânicas
Embora o exame somático e as
análises clínicas frequentemente não mostrem a menor alteração
nos órgãos (sua integridade pode ser absoluta), o que faz
confusão no diagnóstico e tratamento, muitas vezes, os exames
de laboratório confirmam os sintomas orgânicos das doenças
que citamos (e de outras muitas que poderíamos citar). Revelam,
por exemplo, certas anomalias da tensão arterial, secreções
gástricas, assim como índices de desequilíbrio neuro-vegetativo
e glandular, etc; e que na realidade são também expressão
de desajustes psíquicos. Não causas, mas efeito.
A hiper-tensão arterial, por
exemplo, encontra-se frequentemente entre as pessoas fechadas
sobre sí mesmas.Com emoções refreadas (mesmo que ás vezes
escape em estado de cólera), disfarçando seus sentimentos.
O conflito latente entre os sentimentos reais e o papel que
se desempenha cria um estado de tensão permanente que provoca
uma secreção excessiva de adrenalina. Esta, por sua vez, provoca,
por intermédio do sistema nervoso simpático, uma constrição
dos músculos lisos das paredes arteriais, gerando-se a hiper-tensão.
Os mesmos efeitos, causas diferentes
Muitas outras explicações referentes
ao modo pelo qual as emoções ou o psiquismo em geral"se disfarçam"
como doenças orgãnicas, tem sido esclarecidas pelas pesquisas
do Dr. Selye e seus continuadores.
O Dr. Selye comprovou que o
organismo tem uma maneira fixa de reagir a muitos estímulos
diversos, e não de maneira específica. O stress tanto pode
ser provocado por intoxicações, infecções, golpes, fadiga,
etc, como por qualquer motivo psicológico. De muitas maneiras
se desequilibra o funcionamento normal do sistema endócrino.
Estimula-se, de maneira ainda insuficientemente conhecida
, a glandula hipófise; consequentemente se hipertrofiam e
segregam excessivamente os córtex supra-renais, diminuindo
paralelamente a atividade química-linfática. A consequencia
é que o estômago não digere os alimentos que contém proteínas
e diminue muito o aproveitamento dos alimentos ricos em açúcares;
libera´se o fósforo e potássio intracelular. O paciente logo
se sente débil, desanimado, esgotado.
Por outro lado, a falta de
proteínas diminue a produção de anticorpos, levando o paciente
a padecer reações alérgicas, formação de tumores inflamatórios,
infecções de toda classe, perda de peso, etc.
É evidente que além das doenças antes citadas, psicossomáticas,
isto é, de origem psíquica, mas com repercussão orgânica,
devemos citar outras muitas doenças, frequentemente ainda
com maior porcentagem psíquica: insônia ou pesadelos, sonambulismo,
temores e fobias de toda espécie, estados morbosos, amnésia,
enxaqueca; hábitos nervosos como tiques, crispações ou roer
as unhas (onicofagia); fumar, comer ou beber excessivamente,
irascibilidade, cleptomania e outros tipos de tendência anti-sociais.
Falsamente orgânicas, a maioria das doenças.
O Dr Allen Stoller afirmou recentemente que ao menos 50% dos doentes
que procuram médico não apresentam motivo orgânico capaz de
explicar as perturbações de que se queixam. O Dr. Dale Groom
indica a mesma porcentagem. Tal porcentagem com respeito ao
número de doentes
Com respeito ao número de doenças,
os especialistas afirmam que 85% das doenças que até agora
foram consideradas orgânicas, são na realidade, resultado
direto do impacto sobre o corpo, de um pensamento carregado
de afetividade (ou psicógenas, de modo geral). Tal afirmação
pareceria fantástica se não estivesse fundamentada por dados
clínicos irrefutáveis.
Não iremos discutir aqui o
significado que se deve dar às doenças de origem psíquica:
será meramente consequência do funcionamento cerebral e seu
influxo no funcionamento das vísceras? Será, como pretendem
os psicossomáticos da escola Norte-americana, mera histeria,
devendo-se aplicar à maior parte das doenças, o que conhecemos
sobre histeria; ou as doenças são o modo de expresar-se do
histérico, "a linguagem do corpo"? Ou, os doentes psicossomáticos
serão, em maior ou menor grau, neuróticos, traduzindo-se no
seu organismo seus complexos, seus conflitos, suas repressões,
ou, simplesmente se trata só de pessoas que fatigaram excessivamente
seu cérebro?
O fato é que existe
um grandíssimo número de doentes e de doenças por influência
do psiquismo sobre o organismo. E É SEMPRE GRAVE FOMENTAR
O DESCONTROLE E INFLUXO DO PSIQUISMO, COMO FAZEM OS CURANDEIROS.
Texto extraído da Revista de Parapsicologia número
3 e 5, elaborada pelo CLAP-Centro Latino Americano de Parapsicologia.
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