Estigmas
Estigmas:
Fenômeno Histérico
Comprovações Científicas
Uma jovem austríaca de nome Elisabeth, luterana, cliente
do Dr. Adalf Lechler, ele também luterano e psiquiatra.
Elisabeth não parece ter inclinações viciosas, e possui
um caráter profundamente religioso.
Era sumamente neurótica. Esteve em mais de uma dezena
de clínicas para tratamento. Esteve por algum tempo
aos cuidados do Dr. Lechler que fez um relato minucioso
dos acontecimentos. Para facilitar-lhe a cura e ao
mesmo tempo para estudar o caso, ele a aceitou como
empregada doméstica.
O fato mais importante se dá na Sexta-feira Santa
quando ela assiste a um filme que representa vivamente
as cenas da Paixão de Cristo. Ao regressar para casa,
queixava-se de dores nas mãos e nos pés. Como havia
feito anteriormente e muitas vezes, o Dr. Lechler
hipnotizou a jovem, mas desta vez sugeriu-lhe
que ela, como Nosso Senhor, tinha as mãos e os pés
perfurados com cravos.
Fez-lhe esta sugestão repetidas vezes e o resultado
foi altamente satisfatório. Ele documenta o resultado
com fotografias onde aparecem claramente as feridas
nas mãos e nos pés. Posteriormente, por meio de sugestões
repetidas a transportou para um estado em que as lágrimas
de sangue fluiam livremente de seus olhos, aparecendo
também os sinais da coroa de espinhos. Sobreveio também
uma ferida nos ombros causada pela sugestão de que
carregava a Cruz.
Sugestão
e Neurose
A sugestão e a neurose estão muito presentes,
para não dizer que são a causa dos estigmas produzidos
na jovem Elisabeth.
O Pe. Thurston S.J., que narra o caso, na introdução
diz:"Não encontrei até o presente momento,
um simples caso de estigmatização num indivíduo que
tenha estado isento de sintomas neuróticos.Existe
uma forte presunção em todos os casos de que o sujeito
dos estigmas tenha sido altamente sugestionável."
O mesmo Pe. Thurston estudou pessoalmente entre 50
a 60 casos de estigmatizados e as circunstâncias em
que apareceram: "A impressão que tive foi
de que os sujeitos foram tão favorecidos como afligidos,
e todos sofriam de uma acentuada e as vezes extravagante
neurose histérica. Muitos deles eram fervorosos
devotos de personalidades que eram verdadeiramente
estranhas e pouco edificantes. Acho muito difícil
que Deus pudesse operar milagres para creditar tais
pessoas como seus escolhidos."
Neuróticos até o extremo- Para confirmar citaremos
ainda três casos típicos de pessoas extravagantes
e neuróticas am alto grau: Domenica de Lazzari, Elisabet
herkenrode e beatriz D'Ornacieux. A primeira, Domenica
de Lazzari, foi visitada logo após ter recebido os
estigmas, pelo Dr. Cloche, Diretor de um hospital
de Trento (Itália) e é ele que nos conta certos acontecimentos
incríveis: permanecia horas inteiras com movimentos
convulsivos que afetavam a todas as partes do corpo
a tal ponto que no fim parecia uma morta. Durante
essas convulsões, Domenica, com os punhos fechados
desfechava inúmeros golpes em seu peito e era incrível
o ruído que produzia. Numa oportunidade desferiu
tal golpe no queixo que feriu as gengivas e o sangue
jorrou abundantemente. Os golpes que que se desferia
eram tão violentosque eram ouvidos não só dentro de
casa mas também pelos vizinhos. Houve quem contasse,
numa ocasião, os golpes que se desferiu e chegaram
à soma fabulosa de 409. "Masoquista e histeria"
Elisabet , freira cisterciense. Quem nos relata as
fases histéricas é Filipe, Abade de Claraval, que
a visitou no ano de 1275. Conta que nas representações
que fazia semanalmente de toda a Paixão, em determinados
momentos desferia em sí mesma tào violentos murros
que o corpo tremia; batia violentamente com a cabeça
no chão e desferia inúmeros golpes no peito, enquanto
jazia no chào de costas.
Ainda mais impressionante e curioso é o caso da freira
Lukardis, de Oberweimer, nascida em 1276 e falecida
em 1309. Um extraordinário relato de suas experiencias
"místicas"foi feita por um religioso anônimo que a
conheceu bem e escreveu por ocasiào de sua morte.
Relata o autor anônimo que ela era objeto de constantes
extases e tinha recebido os estigmas com pouca idade"desferia
com o polegar- que substituia o martelo- fortíssimas
pancadas nas chagas que trazia em suas mãos, pés e
no lado.
Grande
histeria- A respeito de Teresa Neumann, o
psiquiatra Dr. Madeyski enviado pela Sagrada Congregação
dos Ritos, para estudar cientificamente os fatos,
conclui pela "existência de histeria constatada
em Teresa Neumann. Idêntico é o parecer de
outros médicos que a visitaram em 27 de fevereiro
de 1920: Histeria muito grave com cegueira e paralisia
parcial".
E a comissão composta por Buchberger, Bispo de Ratisbona;
Kiel, Bispo sufragâneo e pelos professores Killermann,
Hilgenreiner, Stokl e pelo professor Martini, Diretor
da Clínica Médica da Universidade de Bonn, conclui
assim : estado histérico grave com todos os fenômenos
inerentes à doença e com toda a parte habitual de
simulação". O professor Jean Lhermite, da Academia
de Medicina, conclui: Assim termina a história de
Teresa Neumann. Grande histérica com a parte
de simulação, que comporta a grande nervosa.
É interessante notar como em muitos casos
de estigmatizados, temos testemunhos de que precederam
sérias doenças e distúrbios orgânicos.
Deve-se acentuar que isto não implica em que as pessoas
não fossem piedosas ou santas; trata-se simplesmente
de uma questão de condições patológicas.
Complexo
de Crucificação- Existem outros muitos detalhes na análise dos estigmatizados,
que ajudam a comprovar a origem puramente humana e
natural dos estigmas.
É surpreendemente que até o início
do século XIII não se falasse de estigmatizados; não
consta nenhum caso. Com a divulgação dos extraordinários
fenômenos que caracterizam os últimos dias de
São Francisco, começou a ocorrer em pessoas muito
simples, casos indiscutíveis de estigmas, e desde
então se verificou uma sucessão interminável de casos.
O exemplo de São Francisco criou um"complexo de crucificação".
Uma vez dada aos contemplativos a idéia da possibilidade
de se conformarem fisicamente com os sofrimentos de
Cristo levando suas cicatrizes nas màos,pés, lado
e na cabeça. A idéia adquiriu forma na mente de muitos
e de fato chegou a ser uma piedosa obsessão, de tal
maneira que em alguns indivíduos excepcionalmente
sensíveis; a idéia concebida na mente se realizou
também no corpo.
Este "complexo de crucificação"é real e muito
conforme à sugestionabilidade do indivíduo e se conforma
plenamente com o protótipo imaginado. É
conhecido o fenômeno de que a forma e a posição destas
chagas varia muitíssimo: em alguns, a chaga do lado
encontra-se à direita e em outros, à esquerda; uns
trazem um corte arredondado e outros, um talho reto
e em alguns casos em forma de meia lua.
Quando Gema Galgani mostrou as chagas dos açoites,
que sangravam profusamente, as feridas correspondiam
perfeitamente, em tamanho e posição, às chagas pintadas
num grande crucifixo perante o qual ela costumava
orar. Quando Ana C. Emmerich foi marcada pela primeira
vez com uma cruz em seu peito, esta tinha a forma
de Y, reproduzindo a forma de um crucifixo de Coesfeld
que ela tinha em grande veneração desde sua infância.Tudo
isso indica um efeito de autosugestão.
Chama-se
ideoplasmia a faculdade de plasmar a idéia, a imagem. A
imagem pode plasmar-se em ecto-colo-plasmiam, em fantasmogênese,
em transfiguração, em pneumografia e tantos outros
fenômenos parapsicológicos.
Ou na pele: este fenômeno se chama
dermografia (escrever na pele). A estigmatização, a reprodução
das chagas da paixão de cristo, por conseguinte, não
é mais do que um caso particular da dermografia.
Estigmas: Fenômeno
de Sugestão
Parece que não
incorremos em erro ao afirmar que a origem dos estigmas
sempre foi atribuída a fatores externos à pessoa:
a causa era Deus ou demônio, ou mais simplesmente,
religiosa.
Convenhamos
que tanto a medicina quanto a igreja, e principalmente
a mentalidade popular desconhecia por completo qualquer
outro mecanismo capaz de dar uma explicação que satisfizesse.
Esta explicação
da fenomenologia dos estigmas perdurou séculos, tanto
no meio cristão como não cristão. A palavra mágica
e explicativa era o "Milagre". Esta atitude não implicava
em buscas científicas e atendia perfeitamente à ânsia
do maravilhoso, do sobrenatural, do espiritual e do
religioso.
É claro que
a intervenção sobrenatural não deve ser uma pressuposição,
mas uma demonstração que exclua positivamente a explicação
natural...
A bem da verdade,
deve-se dizer que não faltaram no mundo e principalmente
na Igreja, inteligências esclarecidas e lúcidas que
parecem terem vislumbrado um caminho mais seguro e
mais natural para a interpretação dos estigmas.
O Papa
Bento XIV (1675-1759) chegou a explicar como naturais
os fenômenos da estigmatização.
A tese de atribuir
a estigmatização autêntica a certas forças psíquicas
já a formulava abertamente Giordano Bruno, em 1595:
" Sabemos bem que algumas pessoas vão tão longe nas
suas convicções religiosas, que chegam fazer aparecer
em seu próprio corpo, as chagas da divindade crucificada,
cuja imagem estava gravada em seu espírito, justamente
devido ao poder de sua ardente imaginação".
Influência na pele.
A pele é influenciada pelo controle psíquico no sangue,
tanto assim que se pode verificar a ausência ou o
acúmulo do mesmo. O dermografismo simples,
vermelhidão ou palidez em determinados pontos do corpo
é relativamente fácil de se conseguir pela simples
sugestão ou auto-sugestão.
O empalidecer
ou o avermelhar da pessoa é resultante de emoções
psíquicas sobre os vasos sanguíneos. Palidez ou vermelhidão,
ausência ou maior circulação de sangue são provocadas
pelo psiquismo.
Estes extremos
são os verificados nas estigmatizações. Os
estigmatizados frequentemente fazem sangrar sua feridas
em determinados dias e outros dias mantém a ferida
em completa ausência de irrigação sanguínea.
Desde os tempos
de Charcot observaram-se muitos eritemas, queimaduras,
produzidas pela sugestão hipnótica. Há diversas
experiências de feridas provocadas por sugestão hipnótica,
sem referência a idéias religiosas.
O médico inglês
Wrict relata de sí próprio que era capaz de provocar
à vontade, em sí mesmo, urticária nos braços e pernas.
Exemplos:
Santa Rita de Cássia, embora não completamente estigmatizada,
teve em sua fronte, pelo espaço de sete anos(1443-1450)
uma ferida que se supunha Ter sido causada milagrosamente
pela coroa de espinhos de Nosso Senhor.
Outro caso sugestivo e esclarecedor
é o de santa Veronica Juliani: seu confessor podia
dar-lhe ordens de que cessassem ou aparecessem...
Esta ferida
se inflamou e os seus Superiores proibiram-na, por
esta razão, que participasse do jubileu de 1450, em
Roma. Em face da proibição, pediu a Deus que suprimisse
o estigma, o que realmente aconteceu.
Completamente Natural
É demais supor
que o Milagre pudesse ser manuseado com tanta facilidade
e com tanto capricho, tanto pelos "pacientes" quanto
por outras autoridades, que com um simples pedido
ou ordem, mandem a Deus que faça aparecer ou desaparecer
determinado fenômeno.
Ora, se algumas
pessoas podem psiquicamente formar os estigmas, os
outros casos não são sobrenaturais, não superam, evidentemente,
o poder do psiquismo sobre o organismo...
Dizer
que o fenômeno é raro, e mesmo raríssimo, não é o
mesmo que demonstrar que é milagroso...
Texto extráido da Revista
de Parapsicologia número 22 elaborada pelo CLAP- Centro
Latino Americano de Parapsicologia Por
José Lorenzatto
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