Título: O que o católico realmente quer encontrar?
Autor(a): Luiz Henrique - Grupo Jovem da Medalha Milagrosa
 

 

O que o católico realmente quer encontrar?

Muito se tem questionado acerca do rumo que a Igreja Católica deve tomar nos tempos modernos. As mudanças trazidas pelo Concílio Vaticano II, numa tentativa de modernizar a Igreja, levou alguns católicos a pensar que os costumes anteriores estariam totalmente ultrapassados. E, não se pode negar, hoje o estudo dentro da Igreja foi colocado num segundo plano, dando lugar ao sentimentalismo e a um fenômenalismo espiritual. Não que as modernas tendências sejam absolutamente erradas; longe disso, a Igreja realmente precisa acompanhar os tempos. Mas tomar posição radical e abandonar por completo os estudos tornou-se hábito constante entre os católicos e porta aberta para confusão entre nós mesmos. A Igreja é conhecida, até mesmo pelos não-católicos, como celeiro de grandes pensadores, vez que possue uma doutrina séria, embasada em vários critérios científicos e espirituais, sempre ponderados e fundamentados. Por outro lado, algumas designações cristãs (não todas), apresentam um Cristianismo sentimental, sem qualquer base doutrinária, calcado somente em produzir "milagres" e levar as pessoas ao choro e à comoção. Passado o hipnotismo, tudo se esvaiu. E eu pergunto: o que sobra disso tudo ? A resposta é fácil: ou muitas dúvidas não respondidas ou nada. É estranho que, mesmo com o testemunho de Santo Agostinho nas "Confissões", relatando o vazio da teoria maniqueísta face à riqueza católica, alguns católicos tenham relegado claramente a forte formação doutrinária dada pela Igreja, sob a desculpa de que é preciso trazer de volta os católicos e que o estudo gera apenas um intelectualismo na Igreja. Não acho que se trate de intelectualismo, mas de se conhecer aquilo em que se crê, a fim de não viver na dúvida, pois a dúvida afasta mais católicos do que o chamado "intelectualismo". A verdade é que o mundo hoje exige respostas firmes para dúvidas constantes.

Joahannes Hessen, em seu livro "Teoria do Conhecimento", nos fala sobre a possibilidade ou não do conhecimento, sobre a fonte do conhecimento e sobre o que podemos conhecer. Se creio que não posso conhecer nada, sou cético; se posso conhecer algo, sou dogmático. Se creio que posso conhecer só pelos sentidos, sou empirista; se posso conhecer só pela razão, sou racionalista. Se o que se apresenta para mim é o verdadeiro, sou realista; se o que penso haver é o verdadeiro, sou idealista. Nosso problema maior está na segunda classificação. Enquanto alguns querem adotar uma posição meramente empirista, entendo que devíamos seguir uma corrente mista: sem esquecer que os sentidos nos levam a um primeiro contato com o mundo, não devemos jamais abdicar do uso da razão, pois foi dom nos dado por Deus e que nos distingüe dos demais seres. Por esta razão, Santo Tomás de Aquino, Doutor e Teólogo católico, adotou uma posição intermediária (a que chamou de Intelectualismo, mas não no sentido antes criticado).

Se tanto criticamos os irmãos evangélicos que não sabem fundamentar sua fé além da letra da Sagrada Escritura, deveríamos tomar cuidado para não cair no mesmo erro. A Igreja é detentora de uma riqueza imensa, à qual São Paulo chamaria de Depósito da Fé. Por que colocá-la como subsidiária ? Orar é preciso, mas estudar também é. Como conversar com um Deus, sem sequer saber o que foi por Ele transmitido. Sem perder a inocência e autenticidade do diálogo franco da oração, o católico precisa saber que o estudo nos foi dado por Deus e não nos tornamos mais frios ou mais distantes dEle somente porque não estamos chorando ou sentindo arrepios. Se a comunidade católica não atentar para o fato, que parece até mesmo bobagem, corremos o risco de, em certo tempo, não haver mais quem possa explicar os porquês das dúvidas que surgem diante dos questionamentos que o mundo impõe e, sobretudo, de doutrinas diversas da nossa, cada vez mais bem defendidas (por meio dos chamados sofismas, ou seja, falsas afirmações).


 
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