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O Rito da Palavra é a segunda parte da missa,
e também a segunda mais importante, ficando atrás somente do Rito
Sacramental, que é o auge de toda celebração.
Inciamos esta parte sentados, numa posição
cômoda que facilita a instrução. Normalmente são feitas três leituras
extraídas da Bíblia: em geral um texto do Antigo Testamento, um texto
epistolar do Novo Testamento e um texto do Evangelho de Jesus Cristo,
respectivamente. Isto, porém, não significa que será sempre assim;
às vezes a 1ª leitura cede espaço para um outro texto do Novo Testamento,
como o Apocalipse, e a 2ª leitura, para um texto extraído dos Atos
dos Apóstolos; é raro acontecer, mas acontece... Fixo mesmo, apenas
o Evangelho, que será extraído do livro de Mateus, Marcos, Lucas ou
João.
Em algumas celebrações, temos apenas duas
leituras (durante a semana), noutras chegamos a ter onze leituras
(vigília pascal)!!
Analisemos melhor o Rito da Palavra:
- COMENTÁRIO À PRIMEIRA LEITURA
O comentário à primeira leitura tem como
objetivo fazer uma breve introdução ao texto bíblico que será
lido a seguir pelo leitor. Chama a atenção para algum ponto que
será abordado na leitura.
O comentário, como é possível de se deduzir,
é feito pelo mesmo comentarista que deu início à celebração.
- PRIMEIRA LEITURA
Como já dissemos, a primeira leitura costuma
a ser extraída do Antigo Testamento.
Isto é feito para demonstrar que já o
Antigo Testamento previa a vinda de Jesus e que Ele mesmo o cumpriu
(cf. Mt 5,17). De fato, não poucas vezes os evangelistas citam
passagens do Antigo Testamento, principalmente dos profetas, provando
que Jesus era o Messias que estava para vir.
A importância de lermos o Antigo Testamento
- que muitos declaram estar definitivamente suplantado pelo Novo
Testamento -, como afirma o pe. Luiz Cechinatto, em sua obra "A
Missa Parte por Parte", está no fato de que "precisamos conhecê-lo
para entender a história de nossa Salvação e vermos o longo caminho
andado até a chegada do Messias. Aquele passado distante faz parte
do processo amoroso de Deus, que quis caminhar conosco falando
a nossa linguagem".
O leitor, então, começa a ler o texto
e, ao concluir, diz: "Palavra do Senhor" e a comunidade
responde com fé: "Graças a Deus!.
O leitor deve ler o texto com calma e
de forma clara. Por esse motivo, não é recomendável escolher os
leitores poucos instantes antes do início da missa, principalmente
pessoas que não têm o costume de freqüentar aquela comunidade.
Quando isso acontece e o "leitor", na hora da leitura, começa
a gaguejar, a cometer erros de leitura e de português, podemos
ter a certeza de que, quando ele disser: "Palavra do Senhor",
a resposta da comunidade, "Graças a Deus", não se referirá aos
frutos rendidos pela leitura mas sim pelo alívio do término de
tamanha catástrofe!
Ora, se a fé vem pelo ouvido, como declara
o Apóstolo, certamente o leitor deve ser uma pessoa preparada
para exercer esse ministério; assim, é interessante que a Equipe
de Celebração seja formada, também, por leitores "profissionais",
ou seja, especial e previamente selecionados.
- SALMO RESPONSORIAL / CANTO DE MEDITAÇÃO
O Salmo Responsorial também é retirado
da Bíblia, quase sempre (em 99% dos casos) do livro dos Salmos.
Muitas comunidades recitam-no, mas o correto mesmo é cantá-lo...
Por isso uma ou outra comunidade possui, além do cantor, um salmista,
já que muitas vezes o salmo exige uma certa criatividade e espontaneidade,
uma vez que as traduções do hebraico (ou grego) para o português
nem sempre conseguem manter a métrica ou a beleza do original.
Assim, quando cantado, acaba lembrando
um pouco o canto gregoriano e, em virtude da dificuldade que exige
para sua execução, acaba sendo simplesmente - como já dissemos
- recitado (perdendo mais ainda sua beleza) ou substituído pelo
chamado Canto de Meditação.
O Canto de Meditação, como o próprio nome
já diz, tem como função ajudar a comunidade rezar e meditar sobre
a Palavra de Deus que está sendo lida. Esse tipo de substituição
é válido quando a mensagem desse canto tem ligação com o "tema"
da missa, fato que é difícil de acontecer se comparado com a diversidade
de temas proporcionado pelos Salmos.
Seja usando o Salmo cantado ou recitado,
ou, ao invés, o Canto de Meditação, deve toda a Assembléia cantar
ou repetir o refrão.
- COMENTÁRIO À SEGUNDA LEITURA
Tem o mesmo objetivo da primeira leitura,
só que fazendo menção ao texto que será lido em seguida, isto
é, na segunda leitura.
- SEGUNDA LEITURA
Da mesma forma como a primeira leitura
tem como costume usar textos do Antigo Testamento, a segunda leitura
tem como característica extrair textos do Novo Testamento, das
cartas escritas pelos apóstolos (Paulo, Tiago, Pedro, João e Judas),
mais notadamente as escritas por São Paulo.
Esta leitura tem, portanto, como objetivo,
demonstrar o vivo ensinamento dos Apóstolos dirigido às comunidades
cristãs.
A segunda leitura deve ser encerrada de
modo idêntico ao da primeira leitura, com o leitor exclamando:
"Palavra do Senhor!" e a comunidade respondendo com: "Graças
a Deus!".
- COMENTÁRIO AO EVANGELHO
Assim como os anteriores, este comentário
chama à atenção para algum ensinamento de Jesus Cristo, nosso
Senhor e Salvador.
- CANTO DE ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
Feito o comentário ao Evangelho, o cantor
convida a assembléia a se por de pé, para aclamar as palavras
de Jesus.
O Canto de Aclamação tem como característica
distintiva a palavra "Aleluia", um termo hebraico que significa
"louvai o Senhor". Na verdade, estamos felizes em poder ouvir
as palavras de Jesus e estamos saudando-O como fizeram as multidões
quando Ele adentrou Jerusalém no domingo de Ramos.
Percebemos, assim, que o Canto de Aclamação,
da mesma forma que o Hino de Louvor, não pode ser cantado sem
alegria, sem vida. Seria como se não confiássemos Naquele que
dá a vida e que vem até nós para pregar a palavra da Salvação.
Comprovando este nosso ponto de vista
está o fato de que durante o tempo da Quaresma e do Advento, tempos
de preparação para a alegria maior, também a palavra "Aleluia"
não aparece no Canto de Aclamação ao Evangelho.
Durante sua execução, a Bíblia pode ser
trazida até o sacerdote, em procissão, representando a chegada
do próprio Senhor...
- O SINAL DA CRUZ
Recebida a Bíblia (quando for o caso)
e concluído o Canto de Aclamação ao Evangelho, o sacerdote se
inclina diante do altar e reza em voz baixa: "Ó Deus todo-poderoso,
purificai-me o coração e os lábios, para que eu anuncie dignamente
o vosso Santo Evangelho."
Se, ao invés do sacerdote, for o diácono
quem irá proclamar o Evangelho, deverá ele se dirigir até a frente
do sacerdote e, inclinado, pedir-lhe em voz baixa:
- Diácono: "Peço a sua bênção."
- Sacerdote: "O Senhor esteja em teu
coração e em teus lábios, para que possas anunciar dignamente
o seu Evangelho. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo."
- Diácono: "Amém."
Depois disso, entrará (o sacerdote ou
o diácono) em diálogo com a comunidade, dizendo:
- Sacerd/Diác: "O Senhor esteja convosco!"
- Assembléia: "Ele está no meio de
nós!"
- Sacerd/Diác: "Proclamação do Evangelho
de Jesus Cristo, segundo (nome do evangelista).
- Assembléia: "Glória a vós, Senhor!"
Então, o sacerdote ou diácono faz o sinal
da cruz sobre a Bíblia e também sobre a testa, sobre a boca e
sobre o peito (neste caso, rezando em silêncio: "Pelo sinal
da Santa Cruz, livre-nos Deus, nosso Senhor, dos nossos inimigos");
e cada fiel persigna o sinal da cruz amplo sobre si mesmo.
- EVANGELHO
Antes de iniciar a leitura do Evangelho,
se estiver sendo feito uso de incenso, o sacerdote ou o diácono
(depende de quem for ler o texto), incensará a Bíblia e, logo
a seguir, iniciará a leitura do texto.
O texto do Evangelho é sempre retirado
dos livros canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e João, e jamais
pode ser omitido. É falta gravíssima não proceder a leitura do
Evangelho ou substitui-lo pela leitura de qualquer outro texto,
inclusive bíblico.
Ao encerrar a leitura do Evangelho, o
sacerdote ou diácono profere a expressão: "Palavra da Salvação!"
e toda a comunidade glorifica ao Senhor, dizendo: "Glória a
vós, Senhor!". Neste momento, o sacerdote ou diácono, em sinal
de veneração à Palavra de Deus, beija a Bíblia (rezando em silêncio:
"Pelas palavras do santo Evangelho sejam perdoados os nossos
pecados") e todo o povo pode voltar a se sentar.
- HOMILIA (SERMÃO)
A homilia nos recorda o Sermão da Montanha,
quando Jesus subiu o Monte das Oliveiras para ensinar todo o povo
reunido. Observe-se que o altar já se encontra, em relação aos
bancos onde estão os fiéis, em ponto mais alto, aludindo claramente
a esse episódio.
Da mesma forma como Jesus ensinava com
autoridade, após sua ascensão, a Igreja recebeu a incumbência
de pregar a todos os povos e ensinar-lhes a observar tudo aquilo
que Cristo pregou. A autoridade de Cristo foi, portanto, passada
à Igreja.
A homilia é o momento em que o sacerdote,
como homem de Deus, traz para o presente aquela palavra pregada
por Cristo há dois mil anos. Neste momento, devemos dar ouvidos
aos ensinamentos do sacerdote, que são os mesmos ensinamentos
de Cristo, pois foi o próprio Cristo que disse: "Quem vos ouve,
a mim ouve. Quem vos rejeita, a mim rejeita" (Lc 10,16). Logo,
toda a comunidade deve prestar atenção às palavras do sacerdote.
A homilia é obrigatória aos domingos e
nas solenidades da Igreja. Nos demais dias, ela também é recomendável,
mas não obrigatória.
- PROFISSÃO DE FÉ (CREDO)
Encerrada a homilia, todos ficam de pé
para recitar ou cantar o Credo. Este nada mais é do que um resumo
da fé católica, que nos distingüe das demais religiões. É como
que um juramento público, como nos lembra o pe. Luiz Cechinatto.
Da mesma forma que o Hino de Louvor, caso
o Credo seja recitado, poderá ser adotado dois coros, para expressar
uma maior beleza.
Embora existam outros Credos católicos,
expressando uma única e mesma verdade de fé, durante a missa costuma-se
a recitar o Símbolo dos Apóstolos, oriundo do séc. I, ou o Símbolo
Niceno-Constantinopolitano, do séc. IV. O primeiro é mais curto,
mais simples; o segundo, redigido para eliminar certas heresias
a respeito da divindade de Cristo, é mais longo, mais completo.
Na prática, usa-se o segundo nas grandes solenidades da Igreja.
Eis o texto desses símbolos:
- Símbolo dos Apóstolos:
Creio em Deus Pai todo-poderoso,
criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor;
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo;
nasceu da Virgem Maria;
padeceu sob Pôncio Pilatos;
foi crucificado, morto e sepultado.
Desceu à mansão dos mortos;
ressuscitou ao terceiro dia;
subiu as céus;
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo;
na Santa Igreja católica;
na comunhão dos santos;
na remissão dos pecados;
na ressurreição da carne;
na vida eterna.
Amém.
- Símbolo Niceno-Constantinopolitano
Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso,
criador do céu e da terra,
e de todas as coisas visíveis e invisíveis.
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
Filho Unigênito de Deus,
nascido do Pai antes de todos os séculos:
Deus de Deus, luz da luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro;
gerado, não criado,
consubstancial ao Pai.
Por ele todas as coisas foram feitas.
E por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus
e se encarnou pelo Espírito Santo,
no seio da Virgem Maria,
e se fez homem.
Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos;
padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia,
conforme as Escrituras
e subiu aos céus,
onde está sentado à direita do Pai.
E de novo há de vir, em sua glória,
para julgar os vivos e os mortos;
e o seu reino não terá fim.
Creio no Espírito Santo,
Senhor que dá a vida,
e procede do Pai e do Filho;
e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado:
Ele que falou pelos profetas.
Creio na Igreja,
una, santa, católica e apostólica.
Professo um só batismo
para a remissão dos pecados.
E espero a ressurreição dos mortos
e a vida do mundo que há de vir.
Amém.
- ORAÇÃO DA COMUNIDADE
A Oração da Comunidade ou Oração dos Fiéis,
como também é conhecida, marca o último ato do Rito da Palavra.
Nela toda a comunidade apresenta suas súplicas ao Senhor e intercede
por todos os homens.
Alguns pedidos não devem ser esquecidos
pela comunidade:
- As necessidades da Igreja.
- As autoridades públicas.
- Os doentes, abandonados e desempregados.
- A paz e a salvação do munto inteiro.
Além destas, deve a assembléia apresentar
outras de caráter local, específicas da comunidade. A introdução
e o encerramento da Oração da Comunidade é feita pelo sacerdote.
Quando possível, devem ser feitos espontaneamente. As preces podem
ser feitas pelo comentarista ou, melhor ainda, pelos próprios
fiéis. Cada prece deve terminar com a expressão: "Rezemos ao
Senhor!", para que a comunidade possa responder com: "Senhor,
escutai a nossa prece!" ou "Ouvi-nos, Senhor!"
Quando o sacerdote conclui a Oração da
Comunidade, dizendo, por exemplo: "Atendei-nos, ó Deus, em
vosso amor de Pai, pois vos pedimos em nome de Jesus Cristo, vosso
Filho e Senhor nosso.", a assembléia encerra com um: "Amém!".
Termina, então, a segunda parte da missa
e inicia-se a terceira parte: o Rito Sacramental.
Copyright (c) 1999 por Carlos Martins Nabeto.
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